Os territórios urbanos têm enfrentado cada vez mais desafios frente à emergência climática, seja em regiões metropolitanas, seja em pequenas e médias cidades, aprofundando as desigualdades e injustiças sociais e os desequilíbrios ecológicos. Por outro lado, estratégias de adaptação e mitigação de impactos, tem promovido a resiliência desses territórios. O eixo “Agriculturas Urbanas” deseja provocar reflexões sobre a diversidade de experiências de agricultura urbana e alimentação, protagonizadas por diferentes sujeitos, bem como seu papel na promoção da justiça climática nas cidades. Convida a pensar sobre as conexões entre essas experiências e as ciências e modos de vida dos povos de matriz africana, indígena e camponesa adaptadas aos contextos urbanos, assim como sobre o papel das mulheres e juventudes, na reivindicação dos espaços urbanos cotidianos enquanto espaços possíveis de reprodução da vida, de luta pelas diferenças, de exercício de autonomias, de promoção de saúde e bem viver. Chama a atenção para algumas iniciativas e concepções de agricultura urbana que estão alinhadas à “economia verde” e buscam dar respostas e soluções técnicas aos problemas sociais e ambientais presentes nas cidades, sem questionar o modelo capitalista de desenvolvimento. Estimulamos as pessoas participantes a explicitar abordagens teórico- conceituais e metodologias que permitam ampliar a compreensão sobre as contradições e possibilidades das agriculturas urbanas, assim como estabelecer novas conexões entre esta temática com a justiça ambiental, os sistemas agroalimentares, o processo de urbanização das sociedades e as discussões relacionadas ao direito à cidade. Trata-se, portanto, de superar dicotomias e fragmentações ainda presentes na produção do conhecimento e nas ações políticas, fortalecendo alianças entre as roças e as favelas, entre os quintais e as matas e entre a agroecologia e a cidade

Os debates deste eixo objetivam compreender os processos agroecológicos, tradicionais e decoloniais relacionados à terra, ao território, à ancestralidade, à justiça ambiental e climática. Busca-se reunir estudos, pesquisas e relatos de experiências que articulem os temas a partir de práticas agroecológicas e ancestrais dos povos e comunidades tradicionais e de territórios de favelas, apontando abordagens e análises sobre a historicidade das lutas dessas populações pelo acesso e garantia à água, à terra, à floresta e à memória biocultural, de modo que explicite as disputas por territorialidades, enfrentamento ao racismo, os conflitos socioambientais, a exemplo daqueles gerados por grandes empreendimentos (eólica, mineração, barragens e entre outros) e seus impactos sobre os povos, os processos de lutas contra hegemônicas, a proteção e a diversidade dos territórios e seus bens comuns, a cultura alimentar e as diferentes cosmovisões que fundamentam os modos de vida dessas populações. Este eixo trata também sobre reconhecimento e valorização dos saberes e fazeres das/os mais velhas/os referentes a regeneração e preservação da natureza, saúde, agriculturas, cuidados, religiosidade e espiritualidade.

O eixo receberá trabalhos que tragam o debate sobre a perspectiva agroecológica integrada às dimensões da arte, da cultura e da comunicação, especialmente a partir de seus entrelaçamentos nos territórios e que contribuam para colocar a “agroecologia na boca do povo”. Esperamos estudos e experiências que evidenciem como as dimensões comunicativas, artísticas e sensíveis/estéticas da vida de sujeitos e povos das águas, das florestas, dos campos e das cidades estão ou podem se relacionar com a agroecologia. São de interesse ao eixo estudos que apoiem as reflexões sobre o lugar da arte e da cultura na produção do conhecimento, bem como abordagens sobre as culturas alimentares, os rituais, as festividades, as histórias e as brincadeiras, as artesanias e as artes visuais, as práticas religiosas, as musicalidades, o teatro, a poesia, as políticas públicas, entre outros elementos da reprodução da vida e das subjetividades nos territórios, que são componentes fundamentais das práticas agroecológicas. No que se refere à comunicação popular, esperamos contribuições sobre o papel da comunicação para a construção de uma ciência crítica, reflexiva e engajada com as lutas populares, inclusive aquelas oriundas do jornalismo investigativo independente; que lancem um olhar crítico sobre a agroecologia na mídia hegemônica; que abordem as ferramentas e estratégias comunicacionais construídas nos territórios; as práticas e os processos comunicativos participativos que alimentam dinâmicas de transformação social, entre outras.

Neste eixo, dedica-se especial atenção aos processos socioculturais e ecológicos de promoção, manejo, conservação e uso sustentável da biodiversidade provenientes do importante papel realizado pela agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais 8 do campo, das águas e das florestas. na geração, manejo, conservação e uso sustentável da diversidade biocultural. Busca-se, ainda, analisar, problematizar e visibilizar, no cenário contemporâneo, diferentes fatores que têm afetado negativamente a conservação, o manejo e o livre uso da biodiversidade e a implantação de diferentes marcos regulatórios que restringem o livre acesso à biodiversidade e dão garantias a atores corporativos. Chama-se especial atenção, ainda, para o aprofundamento da crise climática e dos riscos irreversíveis de erosão da biodiversidade, das práticas e conhecimentos associados. Nesse contexto, serão acolhidos resumos e relatos de experiências que tenham como foco: i) a identificação e a valorização da biodiversidade manejada pela agricultura familiar, camponesas/es e povos e comunidades tradicionais; ii) a conservação, resgate e o manejo da biodiversidade; iii) desafios da integração entre conservação in situ, on farm e ex situ; iv) erosão genética e biocultural; v) agrobiodiversidade e direitos das/os agricultoras/es; vi) desafios relacionados ao acesso e repartição de benefícios associados à biodiversidade; vii) ameaças ao livre uso da biodiversidade; viii) biodiversidade, áreas protegidas e direitos territoriais; xi) biodiversidade, mercados e alimentação; (x) serviços ecossistêmicos associados à biodiversidade; (xi) conservação da biodiversidade, mitigação, adaptação e soluções baseadas na natureza para enfrentamento da crise climática; e (xii) programas e política públicas que fortalecem ou ameaçam os sistemas locais de conservação e uso da biodiversidade; (xiii) sistemas agrícolas tradicionais, patrimonialização e salvaguardas; (xiv) biodiversidade, alimentação e cultura.

Este eixo temático tem como objetivo visibilizar o lugar do campesinato, em suas diversas expressões (agricultura familiar, quilombolas, comunidades tradicionais, dentre outras) na produção de alimentos, contrapondo-se à hegemonia das corporações dos chamados impérios alimentares. Compreende-se aqui a importância da defesa da reforma agrária como política necessária para sua reprodução social, seja pela realização de assentamentos, seja pelo reconhecimento de direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais na interrelação terra-território-direito humano à alimentação adequada e saudável no contexto da crise ambiental e climática. Dedica-se especial atenção ao debate sobre a visão e experiências dos movimentos sociais e organizações que evidenciem o papel do campesinato como protagonista de diferentes sistemas agrícolas e agroextrativistas com a incorporação de princípios agroecológicos e estratégias para garantir a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN) nos vários biomas. Serão acolhidas neste eixo iniciativas que à luz das práticas organizativas e formas de manifestação de solidariedade e reciprocidade do campesinato mostrem: (i) os caminhos do abastecimento alimentar e mitigação da fome e da insegurança alimentar, tais como os bancos de alimentos, as cozinhas e hortas comunitárias, os quintais produtivos, as cozinhas solidárias, os grupos de produção-consumo, restaurantes populares, feiras e outros comércios de proximidade; (ii) a construção da relação entre o direito à terra e território e o direito humano à alimentação adequada e saudável; (iii) os significados da conservação de bens comuns como sementes e mudas, e de manejo dos produtos da sociobiodiversidade na relação com as culturas alimentares locais/regionais; (iv) os exemplos da relação entre o papel do campesinato na produção de alimentos e a luta pelos direitos da natureza. Na apresentação das experiências é importante lançar um olhar acurado sobre as potencialidades e desafios do campesinato na atual conjuntura política e o cenário da crise ambiental e climática, destacando e visibilizando os limites e bloqueios para o reconhecimento de seus direitos. É também central para esse eixo, compreender o lugar e o papel das mulheres e das juventudes camponesas para a garantia da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

Este eixo temático busca acolher resumos e relatos de experiências que adotem uma perspectiva crítico-avaliativa em relação à produção, comercialização, transporte, manipulação, uso e efeito de agrotóxicos, transgênicos e novas biotecnologias, tecnologias de agricultura digital, disputas políticas e impasses midiáticos envolvendo esses temas, entre outros. Pauta-se que as novas biotecnologias de edição gênica não estão sendo submetidas a avaliações de risco necessárias, bem como, não há monitoramento dos impactos das “velhas” tecnologias (como a transgenia clássica) após liberação comercial. Por isso espera-se ainda a submissão de resumos que estejam referenciados em trabalhos de investigação e de sistematização de experiências envolvendo os impactos econômicos, sociais, culturais e ecológicos dessas tecnologias sobre o ambiente, a saúde e os modos de vida das populações, em áreas agrícolas e não agrícolas. No que diz respeito à questão ambiental, especial atenção será dedicada: à contaminação do solo, da água e do ar; à redução da presença de insetos benéficos, incluindo polinizadores e inimigos naturais de insetos indesejáveis; ao surgimento de populações de insetos resistentes; às alterações ocorridas em nível dos bioindicadores; entre outras. Já no que se refere à saúde humana destacam-se: as intoxicações agudas e crônicas e agravos diversos à saúde, incluindo doenças como o câncer. Interessa-nos ainda resumos e relatos de experiências sobre os diferentes tipos de exposição aos agrotóxicos, como as diferentes estratégias de vigilância, monitoramento participativo e ações intersetoriais de saúde e ambiente. Também são temas pertinentes a esse espaço de discussões: os processos de luta e organização das populações afetadas pelas tecnologias acima mencionadas, incluindo povos indígenas, comunidades quilombolas, populações tradicionais, camponesas/es, populações urbanas, e agricultoras/es orgânicos e agroecológicos e movimentos sociais; percepções e visões de mundo associadas aos problemas gerados por essas tecnologias; as estratégias de legitimação dessas soluções tecnológicas frente à opinião pública; a construção de estratégias de comunicação e educação no embate contra os agrotóxicos, transgênicos entre outras soluções tecnológicas que oferecem perigos à saúde e ao ambiente. Por fim, o eixo se propõe, ainda, a debater o surgimento de novas tecnologias - como a cisgenia, a biologia sintética, os genes drivers, as tecnologias digitais, entre outras- e suas repercussões sobre a vida das trabalhadoras e trabalhadores, a saúde e os ecossistemas.

Neste eixo objetivamos refletir sobre a construção do conhecimento agroecológico em suas múltiplas expressões na escola, na roça, na academia, na extensão rural, entre tantas outras. Convidamos pessoas que se dedicam a sentir, a pensar e a refletir sobre os conhecimentos e aprendizados agroecológicos, tanto nos espaços formais como informais. A pluralidade de formas de ser e agir é chave para a construção da agroecologia, de sistemas alimentares saudáveis, da democracia brasileira e de caminhos para o enfrentamento da crise climática e das desigualdades sociais. Serão acolhidos resumos e relatos de experiências que busquem compreender como a academia, coletivos e movimentos sociais produzem conhecimento em vivências, na sistematização de conhecimentos, nas ações de ensino, pesquisa e extensão articuladas, nas lutas sociais dos povos, e na interação entre seres humanos e não-humanos em seus territórios. No 13o CBA, nos interessa compartilhar metodologias transformadoras e participativas, implicadas e horizontais. Solicitamos que na preparação e submissão dos resumos, as/os autoras/es reflitam sobre questões importantes para a construção do conhecimento agroecológico, tais como: i) como as pessoas coproduzem conhecimentos, como elas interagem entre si e como as autorias coletivas das experiências e publicações são definidas; ii) como o conhecimento circula e é apropriado; iii) a diversidade de autoras e autores referenciadas nos resumos; iv) como a interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade e a interculturalidade crítica são praticadas; v) como o diálogo e a ecologia de saberes estão presentes; vi) as relações estabelecidas entre ciências, saberes e cosmologias na produção do conhecimento; vii) orquestração pluridimensional entre os componentes metodológicos e epistemológicos, nos quais a diversidade de saberes assume papel central.

O novo regime climático está profundamente conectado aos sistemas agroalimentares. Uma primeira dimensão refere-se à contribuição da agricultura, pecuária e das mudanças no uso da terra para a transformação do clima. Mais de 22% dos gases de efeito estufa (GEE) são provenientes dessas práticas; no Brasil, essa contribuição ultrapassa 70%. Investigar e compreender a atuação dos distintos modelos de produção, circulação e distribuição de alimentos é um dos interesses deste eixo temático. Espera-se, dessa forma, espessar análises sobre o papel do modelo agroalimentar dominante na intensificação das mudanças climáticas, assim como na produção e reprodução de desigualdades. Frisa-se, sobretudo, como esse modelo tem engendrado um uso específico da terra e dos territórios, baseado na erosão da sociobiodiversidade. Articuladas às lógicas de desigualdade do modelo agroalimentar dominante, as mudanças climáticas afetam de maneira assimétrica as populações mais vulnerabilizadas, sobretudo as mulheres e a população negra. A partir da compreensão da inseparabilidade entre mudanças climáticas, política e sistemas agroalimentares, busca-se evidenciar que, embora estejamos diante de uma problemática global, há aprendizados, análises e múltiplos desafios que emergem na escala dos territórios. Este eixo propõe reflexões críticas e novas abordagens teóricas e práticas sobre o tema a partir da agroecologia, destacando percepções e possibilidades de transformação radical dos sistemas alimentares diante das mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, discute-se como as estratégias tecidas por agricultoras/es, povos indígenas e povos e comunidades tradicionais nos mais diversos territórios fazem parte de uma trajetória histórica alargada, arraigada em práticas e valores. O eixo convida à reflexão sobre agroecologia e mudanças climáticas, considerando a complexidade política, ecológica e climática dos sistemas agroalimentares, assim como a urgência de apreender e fortalecer práticas de adaptação, mitigação, resiliência e resistência desenvolvidas pela combinação de múltiplos conhecimentos e que apontam para habitabilidades possíveis.

Com este eixo objetiva-se refletir sobre os seguintes temas: Educação do/no Campo; Educação Popular; Educação Ambiental; indissociabilidade entre extensão, ensino e pesquisa; movimento Estudantil e movimentos sociais do campo e da cidade na construção da Agroecologia; epistemológicas da Agroecologia; experiência dos núcleos de Agroecologia; diálogo de saberes; e experiências curriculares de educação em Agroecologia; Educação Étnico-racial, quilombola e indígena e Agroecologia; políticas públicas de educação em Agroecologia; educação básica em Agroecologia (educação infantil, ensino fundamental e médio); escolas familiares rurais e/ou família agrícola; educação por alternância e Agroecologia; educação contextualizada; formação de professores e Agroecologia. Portanto, espera-se que os resumos tratem de estudos e ou experiências envolvendo um ou mais destes temas.

Com este eixo temático, busca-se constituir um espaço de debate e de troca a respeito da construção da agroecologia em torno da perspectiva de gênero e dos feminismos comunitários, territoriais, campesinos, populares e decoloniais, de perfil anticapitalista, antirracista e antiLGBTQI-fóbico. Objetiva-se, assim, evidenciar formas de pensar, sentir, fazer agricultura e produzir alimentos, baseadas em relações socioambientais justas, igualitárias e equilibradas e que orientem visões de mundo, ações cotidianas, atuações políticas e práticas de produção e consumo pautadas pela ética, solidariedade, reciprocidade, amor e princípios da precaução e responsabilidade. Busca-se, ainda, analisar, problematizar e visibilizar as situações das mulheres do campo, das águas e das florestas, rurais, urbanas e periurbanas, campesinas, indígenas, negras e mestiças, produtoras familiares, assalariadas, migrantes, chefes de família, lideranças sociais e deslocadas pela violência, fortalecendo sua capacidade de agência. Trata-se de discutir e evidenciar as opressões e iniquidades do sistema patriarcal e que tenham reflexos em seus cotidianos, na construção de práticas agroecológicas no Brasil e no mundo. Portanto, sugerimos que os resumos tratem das seguintes temáticas: (i) Estudos de gênero e meio ambiente em áreas rurais, indígenas e territórios negros; (ii) participação, equidade de gênero e empoderamento das mulheres nas áreas rurais; (iii) o papel das mulheres e da população LGBTQIA++ nos processos econômicos e nas estratégias de resistência e defesa da sociobiodiversidade, dos territórios e dos bens comuns; (iv) organizações de mulheres e formas coletivas de resistência; (v) gênero, feminismos e diversidades na construção de epistemologias, axiologias e ontologias agroecológicas emancipatórias, relacionais e pluriversais; (vi) contribuição das mulheres para a construção de sistemas agroalimentares social e ambientalmente justos, com soberania, segurança alimentar e nutricional e com proteção da agrobiodiversidade; (vii) violência de gênero, migração, direitos humanos, pobreza e desigualdade das mulheres; (viii) a mulher camponesa como sujeito político e de direitos, produtora de bens materiais e imateriais; e (ix) experiências institucionais e ou de movimentos sociais e os desafios da transformação das relações de gênero no campo.

Neste eixo temático, que se quer interdisciplinar, transversal e de “raízes crianceiras”, pretende-se compartilhar estudos, pesquisas e experiências construídas na escuta e na parceria com as crianças, suas sabedorias, seus protagonismos e seus brincares. Na compreensão da potência provocada pelo lema “Agroecologia começa nas infâncias”, queremos estar em estado de liberdade-natureza-cultura-escuta, em cirandas com as infâncias dos campos, das cidades, das águas, das florestas — e quem mais chegar —, para compartilhar sabedorias ancestrais em diálogo com as crianças de outrora e de agora. Nesse estradar crianceiro, cabe a vida e suas muitas sementes crioulas, em um percurso brincante-artístico-popular-científico com as crianças e seus protagonismos: ancestralidades; famílias; maternidades; brincares; subjetividades; direitos de ser; direitos cidadãos; cuidados, bem-estar e saúde; gênero, raça, classe e etnia; violências; alimentação; linguagens; oralidades; expressões artísticas; espaços e tempos educacionais; experiências cirandeiras, das cuidadoras, e dos movimentos sociais; Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC). Peraltagens-pensares-fazeres de autoria das crianças são também esperados para encantar e fortalecer nossa práxis com desenhos, fotografias, textos escritos, vídeos e o que mais a imaginação criar. Espera-se que os resumos que tratem de estudos e experiências relacionadas às infâncias sejam apresentados abordando os temas acima.

As discussões desse eixo visam analisar e visibilizar os debates em torno das relações entre Juventudes e Agroecologia, sujeitos políticos compreendidos aqui em toda sua pluralidade e diversidade. Propõe-se, assim, um olhar atento à participação e o potencial transformador do engajamento das juventudes do campo, das cidades, das águas e das florestas na construção de um projeto agroecológico popular que contemple as lutas raciais, feministas e LGBTQIA+. Compreendemos a Agroecologia enquanto ciência, movimento, prática, e atualmente, como caminho de profissionalização de jovens. Assim, este eixo temático receberá trabalhos que versem sobre as juventudes em relação aos seguintes temas: autonomia das juventudes nas dimensões técnica, econômica, cultural e científica; participação e engajamento nas lutas e resistências junto à organizações e movimentos sociais; papel histórico das/os jovens na construção de um projeto democrático de sociedade; sucessão rural; educomunicação, formação/atuação das juventudes em Escolas Família Agrícola - EFAS, Casas Familiares Rurais - CFR, e demais expressões da educação contextualizada; relações intergeracionais, relações das juventudes com saberes tradicionais e ancestralidade; e experiências e redes de mobilização e organização construídas pelas juventudes.

O conceito de Agroecossistemas se refere à unidade de planejamento da Agroecologia, que abrange o conjunto de seres vivos e suas interações com seu ambiente físico, incluindo os seres humanos, suas relações sociais, valores culturais e convivência com os territórios. Dessa forma, estimula-se que os resumos e relatos de experiências a serem submetidos sejam a partir de iniciativas de pesquisa, experimentação e sistematização de práticas sobre manejo agroecológico dos agroecossistemas e processos de transição agroecológica. Entende-se que os temas que permeiam essa abordagem são: sistemas de bases agroecológicas ou ecológicas; agroecossistemas tradicionais; transição agroecológica; redesenho de paisagens em contexto de desastres climáticos; benefícios ou serviços ecossistêmicos; qualidade e saúde do solo; relação solo-água-planta; policultivos; sistemas agroflorestais; sistemas de produção de plantas alimentícias não convencionais (PANC); manejo de pastagens; processos de restauração ecológica; monitoramento e avaliação de sistemas agroecológicos; adubação verde; produção de sementes e mudas; bioinsumos; recursos florais para polinizadores e abelhas nativas; manejo agroecológico de insetos, patógenos e plantas espontâneas; beneficiamento e processamento de produtos agroecológicos.

Nas últimas décadas foram construídas tanto no Brasil como em diferentes países do mundo, uma série de políticas públicas e instrumentos a favor da Agroecologia e da Produção Orgânica com aplicação em diversas escalas: municipal, territorial, estadual, federal, ou mesmo no plano internacional. Neste eixo objetiva-se analisar as contribuições, perspectivas, desafios e limitações enfrentadas na construção de políticas e ações públicas a favor da Agroecologia e da Produção Orgânica, em realidades e contextos distintos. Sugere-se que os trabalhos contemplem temas como: a trajetória histórica de formulação e implementação de políticas públicas de apoio à Agroecologia e da Produção Orgânica; análises comparadas de processos de formulação e implementação de políticas públicas voltadas à Agroecologia e à Produção Orgânica; experiências, relatos e/ou análises da participação dos atores sociais na elaboração, implantação, monitoramento e avaliação de políticas de interesse; estudos ou relatos de experiências envolvendo as relações estabelecidas entre poder público e a sociedade civil em torno das políticas públicas; estudos ou relatos de iniciativas de incidência nos orçamentos públicos e nos sistemas de monitoramento e avaliação de efeitos das políticas públicas; e mecanismos de governança democrática; análises e reflexões acerca das concepções de Agroecologia e a Produção Orgânica mobilizadas em marcos regulatórios e diretrizes de políticas; análises, sistematizações e relatos de experiência sobre os efeitos das políticas e da ação pública na escala dos territórios; avanços e resultados alcançados por programas governamentais e não governamentais de interesse público nas condições socioeconômicas das famílias, na redução dos impactos ambientais e da emissão de gases de efeito estufa, no aumento da resiliência social e ecológica frente aos efeitos das mudanças climáticas e no aumento da oferta e do acesso a alimentos saudáveis por parcelas da população em situação de insegurança alimentar e nutricional e a intersetorialidade nas políticas públicas. Interessa-nos ainda trabalhos que incluam as perspectivas de análise da Agroecologia Política, que além das políticas públicas, em particular, abordem também temas como a relação Estado-Sociedade e a coprodução de políticas, as diferentes dimensões do controle social, dentre outros.

Neste eixo temático, objetiva-se proporcionar a apresentação de resumos e relatos de experiências que se refiram às conexões entre os campos do conhecimento da saúde e da agroecologia. Por compreender a transversalidade dos temas, em suas múltiplas dimensões e escalas, espera-se reunir estudos, pesquisas e relatos que articulem os temas: alimentação, agroecologia e saúde; práticas de cuidado em saúde; medicinas tradicionais; saúde popular; práticas integrativas; saúde coletiva, ambiental e dos/as trabalhadores/as; águas e saneamento; plantas medicinais; impactos e contaminações biológicas e químicas de solos, águas, florestas e ar; agrotóxicos no âmbito da perspectiva da saúde; vigilância em saúde; agricultura urbana na conexão com a saúde; promoção de territórios saudáveis e sustentáveis; promoção da saúde; saúde única; mudanças climáticas e suas implicações para a saúde; educação em saúde; agroecologia, políticas públicas e o Sistema Único de Saúde (SUS); e agroecologia e saúde coletiva na construção de interfaces metodológicas e teóricas. Além de pesquisas e relatos de experiências, espera-se construções teóricas sobre a interface entre as duas grandes áreas (agroecologia e saúde) ou entre os campos científicos de agroecologia e saúde coletiva.

No eixo “Sistemas Agroalimentares e Economia Solidária” objetiva-se contribuir com reflexões sobre os processos de organização coletiva e autogestionária de produção, distribuição e consumo solidário de alimentos advindos da multiplicidade da agricultura familiar e camponesa de base agroecológica, dos povos indígenas e de povos e comunidades tradicionais. As temáticas incluídas nesse campo englobam: os impactos da organização econômica do sistema agroalimentar hegemônico; sistemas agroalimentares localizados, sustentáveis e comunitários; relocalização e justiça alimentar; construção social dos mercados; circuitos curtos de comercialização e suas múltiplas experiências (feiras, compras públicas, cooperativas, associações, redes e comunidades que sustentam a agricultura); processos participativos de garantia da qualidade orgânica e agroecológica da produção, como os Organismos de Controle Social/OCS, os Sistemas Participativos de Garantia, entre outros formatos; políticas públicas de fomento às economias centradas no bem viver, mercados territoriais, segurança alimentar e nutricional e espaços de participação social e controle social; redes solidárias de produção e consumo crítico, político, solidário e ou consciente; formas de organização da economia solidária e desenvolvimento social, local e sustentável; organizações coletivas econômicas de mulheres e jovens do campo; processos de assessoria técnica e extensão rural centradas na organização econômica e coletiva; compras públicas e estratégias de acesso a alimentação; experiências governamentais, inclusive com centrais de abastecimento públicas; agroindústrias familiares, adequação sanitária, rotulagem e legislação; outras economias em interface com a agroecologia. Estimula-se que os trabalhos do eixo promovam análises que levem em consideração as relações de gênero e diversidade sexual, raça, classe e geração, como lentes fundamentais na construção da economia solidária e da agroecologia.

Este eixo tem como objetivo evidenciar experiências, conhecimentos/saberes, práticas, inovações sociotécnicas que perpassam os processos de transições agroecológicas em suas diferentes concepções, abordagens, métodos e indicadores para avaliação e monitoramento desde os agroecossistemas, unidades produtivas, territórios ao sistema agroalimentar global. Tendo a Agroecologia enquanto ciência, movimento e prática social fundamentando reflexões que contribuam com o avanço nos conhecimentos, práticas, métodos, instrumentos, planos, desafios, potencialidades e estratégias para promoção das transições agroecológicas junto a iniciativas e experiências em diferentes escalas, linearidades e temporalidades. São temáticas inerentes a este eixo as reflexões sobre transições socioecológicas na agropecuária; metabolismo energético das sociedades humanas; certificação/acreditação orgânica e agroecológica em suas diferentes modalidades e abordagens; parâmetros/indicadores e dimensões – histórica, social, econômica, ecológica, biológica, cultural, educativa, política, normativa e ética; além de planos, estratégias e avaliação dos processos de transições.

Este eixo envolve pesquisas, relatos de experiências populares e técnicas abordando as inovações camponesas e tecnologias sociais que promovem a qualidade de vida de populações do campo e da cidade na perspectiva da agroecologia em suas diferentes dimensões — alimentação, saúde, saneamento, meio ambiente, cultura, dentre outras. Assim, abrigará trabalhos que evidenciem e/ou discutam o desenvolvimento, uso e/ou aplicação, adaptação de tecnologias sociais nos diferentes contextos socioambientais em diálogo com saberes e práticas camponesas com destaque para as dimensões da participação e cidadania/democracia, educativa e da relevância das tecnologias sociais. Deste modo, os trabalhos devem evidenciar os sujeitos, organizações e instituições protagonistas na promoção das inovações camponesas. São temáticas inerentes a este eixo as tecnologias sociais e inovações camponesas do campo da convivência com os diferentes biomas, práticas agroecológicas e processos sociotécnicos, bem como vivências práticas de processos de avaliação (popular e/ou em diálogo com experimentações acadêmicas), desenvolvimento e aplicação de ferramentas, equipamentos, utensílios, máquinas, caldas, biofertilizantes, os processos de gestão coletiva, métodos de bordados ou trançados tradicionais, os manejos criativos da biodiversidade, dentre outros.

Esse eixo tem por objetivo acolher trabalhos em diferentes modalidades que tratem sobre a criação de animais em sistemas de base agroecológica, orgânica e regenerativa, com a finalidade de produzir alimentos, reciclar a biomassa, manejar matéria orgânica, realizar polinização de plantas e gerar serviços ecossistêmicos. Serão acolhidos também os trabalhos relacionados com a qualidade dos alimentos de origem animal produzidos em sistemas de base agroecológica e sua importância para a segurança e soberania alimentar. Serão consideradas e avaliadas iniciativas de pesquisa, experimentação e sistematização de práticas que dialoguem com os seguintes temas: Alimentação animal; Manejo de pastagens e Sistemas agrossilvipastoris; Sistemas integrados de criação animal; Bem-estar animal; Nutrição animal; Genética, raças crioulas/locais e melhoramento animal; Manejo sanitário agroecológico; Terapêuticas veterinárias recomendadas no escopo das práticas integrativas; Instalações animais (incluindo produtos para sua limpeza e desinfecção); Importância e qualidade dos alimentos de origem animal; Animais e os saberes tradicionais; Impactos dos manejos insustentáveis na criação animal ou da pecuária industrial intensiva; Diálogo entre sistemas de produção animal e os territórios das águas, florestas e campo; Políticas públicas para estimular a criação animal de base agroecológica.